"Ser vegetariano é discordar, discordar do curso que as coisas tomam hoje. Fome, crueldade, desperdício, guerras - precisamos nos posicionar contra essas coisas. O vegetarianismo é minha forma de posicionar." (Isaac Bashevis Singer)

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Leon Tolstói

Leon Tolstói, um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX, também foi vegetariano. Entre suas obras mais famosas, estão 'Guerra e Paz' e 'Anna Karenina'.

Romancista, ensaísta político e religioso, e reformador social, Lev Nikolayevich Tolstoi (ou conde de Tolstoi), mais conhecido em português como Leon Tolstói, nasceu em 09 de setembro de 1829, em Yasnaya Polyana (no Império Russo). Ele era filho de Nicolas Ilyitch, conde de Tolstoi e de Maria Nicolaevna, princesa de Volkonsky.

Em 1851, quando jovem, o sentimento de vazio existencial o fez alistar-se no exército da Rússia. A experiência militar colaborou para que se tornasse um pacifista, anos depois. Durante esta época, Tolstoi bebia muito, apostava em jogos e passava muitas noites com prostitutas. Mais tarde, o escritor passou a repudiar esta fase de sua vida.

No final da década de 1850, preocupado com a precariedade da educação no meio rural, ele criou uma escola para filhos de camponeses. Ele mesmo foi responsável por grande parte do material didático e, ao contrário da pedagogia da época, deixava os alunos livres, sem excessivas regras e sem punições.


Em 1862, casou-se com Sophia Andreievna Bers, com quem teve 13 filhos. Durante 15 anos, dedicou-se intensamente à vida familiar. Porém, o casamento com Sophia seria repleto de distúrbios e brigas. Foi nessa época que Tolstoi produziu os romances que o tornaram famoso: Guerra e Paz e Anna Karenina. Apesar de um escritor bem-sucedido, Tolstoi continuava atormentado com questões existencialistas e, após desistir de encontrar respostas na filosofia, na teologia e na ciência, deixou-se guiar pelo exemplo de vida simples dos camponeses. Teve então o início do periodo que ele chamou de "conversão".

Leon Tolstoi e sua esposa, Sophia Andreievn

Leon e Sophia

Seguindo ao pé da letra a sua própria interpretação dos ensinamentos cristãos, Tolstói passou a recusar a autoridade de qualquer governo organizado e de qualquer igreja. Criticou também o direito à propriedade privada e os tribunais e pregou o conceito de não-violência. Para difundir suas ideias Tolstoi dedicou-se, em panfletos, ensaios e peças teatrais, a criticar a sociedade e o intelectualismo estéril. Seus novos ideais causaram confusão nos fãs do famoso escritor e influenciariam um importante admirador: Gandhi, nesta época ainda na África.

Após sua "conversão", Tolstói deixou de beber e fumar, tornou-se vegetariano e passou a vestir-se como camponês. O poeta, pensador e divulgador do vegetarianismo Jaime de Magalhães Lima (1859 - 1936), que visitou e correspondeu-se com Tolstoi escreveu: “Leão Tolstoi foi um adepto e um apóstolo do vegetarismo. E não é pouco nem insignificante que um tal espírito e tão sublimado coração perfilhasse e praticasse essa doutrina, que a inércia moral e o poder do vício desprezam ou escarnecem na cegueira própria da sua particular estreiteza.”


Tolstoi também decidiu abrir mão de receber os direitos autorais dos livros que viria a escrever, só voltando a querer utilizar este dinheiro quando precisou angariar fundos para transportar para o Canadá uma comunidade de camponeses perseguidos pelo governo. O escritor chegou a ser vigiado pela polícia do czar e, em 1901, foi excomungado pela Igreja Ortodoxa russa. Alguns de seus amigos e seguidores foram também exilados. Tolstoi somente não foi preso porque era adorado em todo o mundo como um dos maiores nomes da arte de seu tempo.

Como sua família, especialmente sua esposa Sophia, cobrava-lhe luxos e riquezas; após anos de conflitos familiares, aos 82 anos de idade Tolstoi foge de casa para levar uma vida simples. Como preferia viajar em vagões de terceira classe, onde havia frio e fumaça, o já debilitado escritor contraiu uma pneumonia que se agravou rapidamente e Tolstoi acabou morrendo em novembro de 1910 em Astapovo, província de Riazan.


 Leon, Sophia e 8 de seus 13 filhos (1907)

Seus Ideais:
Para Tolstoi, os Estados, as igrejas, os tribunais e os dogmas eram apenas ferramentas de dominação de uns poucos homens sobre outros, mas não considerava seus ideais como anarquistas.
O escritor não acreditava em guerras e revoluções violentas como solução para quaisquer problemas, e sim em revoluções morais individuais que levariam às verdadeiras mudanças. Afirmava que suas teses se baseavam na vida simples e próxima à natureza dos camponeses e no evangelho e não nas teorias sociais de seu tempo.
Apesar de afirmar ter-se convertido no último período de sua vida e de renegar seus trabalhos mais famosos, encontram-se nestes mesmos textos diversas referências sobre a busca do autor por uma vida simples e próxima à natureza. Segundo o escritor George Woodcock em "A História das ideias e movimentos anarquistas", em todos os romances que Tolstoi escreveu quando mais novo, ele "considera a vida tanto mais verdadeira quanto mais próxima da natureza".

Mesmo na infância, Tolstói alimentava, junto aos irmãos, um sonho de fraternidade total. Eles acreditavam que o círculo fraterno que formavam poderia ser expandido e englobar a humanidade inteira, eliminando todos os problemas. O local onde esta utopia foi idealizada, sob a sombra de uma árvore em um bosque da Rússia, é o local onde foi enterrado Tolstói, conforme ele pedira, e também um irmão seu.

Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-violência". Em seu livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal. No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e ao militarismo como um todo). Ele também defende e exalta povos como os Quakers (Criado em 1652, pelo inglês George Fox, o Movimento Quaker pretendeu ser a restauração da fé cristã original, eles se chamavam de "Santos", "Filhos da Luz" e "Amigos da Verdade" – de onde surge, no século XVIII, o nome "Sociedade dos Amigos". Eles são conhecidos pela defesa do pacifismo e da simplicidade).



Algumas frases de Tolstoi sobre o vegetarianismo:

Em uma contribuição para um artigo (New Review, 1892), Tolstoi escreveu:
"O movimento vegetariano deve encher de alegria as almas daqueles que têm no coração a realização do reino de Deus sobre a terra, não porque o próprio vegetarianismo é um passo importante para a realização deste reino (todas as medidas reais são igualmente importantes ou sem importância) , mas porque serve como um critério pelo qual nós sabemos que a busca da perfeição moral por parte do homem é genuíno e sincero ... "

"Um homem pode viver e ser saudável sem matar animais para alimento e, portanto, se ele come carne, tira a vida de um animal apenas por causa de seu apetite e agir assim é imoral.".
(Leo Tolstoy, "Carta ao Dr. Eugen Heinrich Schmitt," os romances e outras obras de Lyof N. Tolstoi - Volume 20: Essays, letras e miscelâneas, 1902)

"Enquanto houver matadouros, haverá campos de guerra".

"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo".

“O comer carne é a sobrevivência da maior brutalidade; a mudança para o vegetarianismo é a primeira consequência natural da iluminação.”


Algumas de suas obras:
-    Infância (1852)
-    Adolescência (1854)
-    Juventude (1856)
-    Crônicas de Sebastopol (1855-1856)
-    A felicidade conjugal (romance, 1858)
-    Cossacos (romance, 1863) - descreve a vida deste povo.
-    Guerra e Paz (romance, 1865-1869) - é uma monumental obra, na qual Tolstói descreve dezenas de diferentes personagens durante a invasão napoleônica de 1812, na qual os russos incendiaram Moscou ou Moscovo.
-    Anna Karenina (romance, 1875-1877) - conta as histórias paralelas de uma mulher presa nas convenções sociais e um proprietário de terras filósofo (reflexo do próprio Tolstói), que tenta melhorar a vida dos seus servos.
-    Confissão (1882)
-    O reino de Deus está em vós (ensaio, 1894)
-    A morte de Ivan Ilitch (romance, 1886)
-    A sonata a Kreutzer (romance, 1889)
-    O que é arte? (ensaio, 1898)
-    Padre Sérgio (conto, 1898)
-    Ressurreição (romance, 1899)
-    Babine - o parvo (peça de teatro infantil)
-    Hadji Murat (romance, esrito entre 1896 e 1904, publicado em 1912)
-    Kholstomér, a História de um Cavalo


Fontes:
http://vegetarian.procon.org/view.resource.php?resourceID=004603
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liev Tolstoi
http://kdfrases.com/frase/129644
http://www.ivu.org/history/tolstoy/index.html

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